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No seu tempo, sempre era melhor.

A internet e, mais especificamente, as redes sociais têm sido motivo de frequentes discussões a minha volta.
Meu relacionamento é constantemente chacoalhado por causa desse assunto, meu amigos discutem isso, todo mundo discute isso (http://www.youtube.com/watch?v=Q06wFUi5OM8&feature=kp) .
O que não falta é o velho "no meu tempo não era assim", "antes as pessoas conversavam olhando no olho", "é uma falta de educação ficar usando o celular na roda de amigos", etc.
Os argumentos são sempre apontando para a decadência das relações pessoais, da falta de atenção àquele que está presente em "carne-e-osso", em como as pessoas são dependentes das novidades, em como pessoas que estão ao seu lado são mais importantes que as "amizades virtuais".
Começarei pela decadência das relações pessoais: quanto a isso, eu não tenho mesmo argumentos, não porque eu concorde, mas porque eu nunca participei dessas relações pessoais. Antes da internet existir no Brasil, ou seja, durante minha infância e adolescência, eu mudei muito de escola e de lugar onde morava, nunca consegui fazer amizades muito fortes. Não só por causa dessas vicissitudes da vida, mas também porque eu nunca fui muito de fazer amizades. Logo, eu não entendo desse negócio de que "antes era melhor". Para mim, melhor está agora.
À falta de atenção àquele de está presente e às pessoas do seu lado serem mais importantes que as amizades virtuais, eu acho uma grande falácia. Sempre lembrando que, obviamente, por esse ser um blog pessoal, minha análise também o é, ou seja, se você tem uma relação diferente das que eu tenho com as pessoas, obviamente você verá essas coisas de outra forma.
Funciona assim: as pessoas que considero minhas amigas, pessoas próximas, as quais eu permito entrarem de vez em quando na minha bolha de introspecção, elas não são divididas em virtual/real. Elas todas são reais, bem reais, para mim. Por quê? Se eu as vejo sempre? Não. Minha melhor amiga, esse ano faremos 10 anos de amizade, eu vejo muito, mas muito raramente. Eu compareço mais às urnas para justificar meu não voto do que a vejo. Mas ela é a pessoa que provavelmente mais conhece as coisas todas que passei durante esses últimos 10 anos. Ou seja, tratá-la como algo inferior a uma pessoa "real" seria pura indelicadeza da minha parte.
Tudo é uma questão de como nós escolhemos ver as coisas. Eu lembro quando o telefone celular foi inventado. Meu pai tinha um. Achávamos extremamente desagradável aquele aparelho tocar quando estávamos fora de casa, afinal, telefone se atende em casa. Provavelmente, quando meu pai comprou uma linha da Telesp e instalou na sala, quando ele tocava, as pessoas deviam achar rude também atender durante o jantar.
Já entenderam onde eu quero chegar?
Falar com alguém pelo bate-papo não é necessariamente rude. Ou é. Mas o que precisamos é estabelecer o que iremos determinar como rude. Porque eu não vejo diferença entre o meio de comunicação: telefone residencial, telefone celular, whatsupp, messenger ou o caralho. A pessoa que está do outro lado desse caralho é uma pessoa, e pode ser uma pessoa importante. Se seu amigo prefere no meio da sua conversa com ele ao vivo, parar para atender outra pessoa no facebook, não é porque ele acha o fb mais importante, é porque a pessoa do outro lado é importante.
Mas isso é como eu penso. É como eu ajo. Se estou na roda de amigos, e minha namorada chama no fb, desculpe, ela será atendida. Se minha irmã me chamar, ela será atendida. Seja fb, seja celular, seja telegrama.
Agora, se você é outro amigo, e o assunto eu supor que não é urgente, você terá que esperar, independente se você vier em carne-e-osso.
Queridos, eu não classifico pessoas pela forma como elas comunicam comigo. Eu classifico e priorizo pessoas conforme elas me importam e eu importo a elas.
Deixemos desse meiodecomunicaçãocismo, somos todos iguais. E essa história de "mundo virtual", me poupe, o mundo real é virtual, e você adora não ficar na fila do banco socializando com um milhão de gente puta da vida para sacar seu dinheiro ou pagar a conta.

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Estou ficando louco.

Desculpe, surtei. Hahahahaha. Há muito que não fico assim. Eu ainda não sei se estou gostando ou querendo me matar, ou matar alguém. O fato é que estou sentindo-me vivo. A (o?) dor me faz viver, ponto. Mas dói, droga. Era para chorar? Não sei, eu rio de mim. Vi no Grey's Anatomy que isso pode ser um tumor no cérebro. Mórbido. Meu humor é assim, estranho. Pode ser cansaço. Projetos, aulas, trabalhos, estudos, leituras, trabalho, revisões, contas, distância, proximidade, decisões... é muita coisa para a cabeça e o coração. tilt. tilt. tilt.
Perceber que não se sabe. Como o homem que saiu da caverna platônica. O conhecimento é luz, poderosa como a do Sol, ofusca e dói quando nos atinge diretamente o olho, tudo é desintegrado e some, fica apenas o vazio, o branco vazio, como se a luz viesse para limpar o espaço, deixando-o imaculado, preparando a chegada do que realmente importa. Logo surge um ponto, este começa a percorrer um caminho aparentemente sem lógica, deixando atrás um fino rastro, surgem outros tantos e cada uma seguir sua própria direção e contornos começam a completar-se em formas, estas ganham cores e texturas e logo se movimentam e correm, dançam e voam. A descoberta é um espetáculo. Eu que já admirava a poesia, aprendi que sobre ela nada sabia. A poesia que eu via apenas refletia-me, tal como o lago de Narciso, o que eu não percebia é que, sendo um lago, é naturalmente mais profunda e densa, tem sua própria beleza. Mas diferente do lago que apenas reflete a luz do Sol, a poesia tem um sol dentro de si.

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