Perceber que não se sabe. Como o homem que saiu da caverna platônica. O conhecimento é luz, poderosa como a do Sol, ofusca e dói quando nos atinge diretamente o olho, tudo é desintegrado e some, fica apenas o vazio, o branco vazio, como se a luz viesse para limpar o espaço, deixando-o imaculado, preparando a chegada do que realmente importa. Logo surge um ponto, este começa a percorrer um caminho aparentemente sem lógica, deixando atrás um fino rastro, surgem outros tantos e cada uma seguir sua própria direção e contornos começam a completar-se em formas, estas ganham cores e texturas e logo se movimentam e correm, dançam e voam. A descoberta é um espetáculo. Eu que já admirava a poesia, aprendi que sobre ela nada sabia. A poesia que eu via apenas refletia-me, tal como o lago de Narciso, o que eu não percebia é que, sendo um lago, é naturalmente mais profunda e densa, tem sua própria beleza. Mas diferente do lago que apenas reflete a luz do Sol, a poesia tem um sol dentro de si.