Eu lembro de como costumava sentir. Essa sensação é, e sempre foi, o que me fez suportar tudo. Era injusto que eu manchasse isso por causa de qualquer outra coisa, ainda que outro sentimento. Eu senti raiva, é verdade, mas foi por saber que não havia outra coisa que eu pudesse fazer. Estávamos em lugares diferentes do coração. Você era especial e de alguma forma eu sentia que era também para você. No entanto, não passávamos de dois trens que estavam correndo para lados opostos, em sintonia por um breve momento enquanto ficamos paralelos.
Eram esperadas durante todo o ano aquelas noites. Junho e Julho sempre foram meus meses preferidos, o frio, a neblina, as poucas chuvas. Na vila, o céu era muito escuro e salteado de estrelas. A cidade, privilegiada com sua localização em uma planície, permitia ver a linha do fim do mundo, onde a abóbada celeste tocava o chão do pasto. Às vezes, parecia que a silhueta de uma vaca tocava a luz de uma estrela, mas era só a lâmpada lúgubre da varanda de D. Zefinha. No sítio, todas as lâmpadas eram lúgubres, eu preferia sempre andar no escuro lá na casa da minha avó, suas lâmpadas, de baixa potência, muitas utilizadas com voltagem abaixo do que eram feitas, faziam com que o ambiente ficasse em um lusco-fusco macabro. Eu preferia a luz que vinha de fora, ainda mais depois que o prefeito mandou trocar as lâmpadas públicas por aquelas feitas de vapor de mercúrio, deixando tudo com tons quentes, eu sempre gostei mais das lâmpadas com cores de alta temperatura. No sítio do Compadre Jarbas (mu...
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